Duas características inéditas marcam o capitalismo do Século XXI. A primeira é a exposição voluntária das bases socioambientais em que se apoiam seus processos produtivos por parte de organizações empresariais. A segunda é que esse movimento de abertura dos fundamentos materiais, biológicos, energéticos e, em certa medida, sociais dos empreendimentos resulta de pressões vindas de atores que até bem pouco tempo quase não dialogavam com firmas privadas e sequer faziam delas o foco de sua ação.
O crescimento do interesse das empresas por certificados que mostrem a responsabilidade econômica e ambiental de seus produtos levantou o questionamento da comunidade acadêmica sobre até que ponto essas políticas trazem resultados efetivos.
Descarbonização da economia, preservação da resiliência dos ecossistemas e valorização sustentável da biodiversidade não são orientações de política pública às quais, por meio de leis, os agentes privados devem adaptar-se.
A característica essencial de uma economia descentralizada, em que o mercado guia a alocação dos fatores produtivos, é que os indivíduos e as empresas interagem com base em interesses próprios e a partir de conhecimento extremamente limitado dasconsequências do que fazem.
Organizações empresariais podem contribuir de maneira ativa e voluntária para finalidades de natureza social como preservação do meio ambiente, a melhor distribuição de renda ou fortalecimento da democracia?
A responsabilidade socioambiental do setor privado envolve um paradoxo básico, em torno de cuja explicação a literatura científica se polariza e os atores sociais se dividem.
A OXFAM internacional, uma das mais respeitadas e conhecidas ONGs, acaba de publicar um relatório com dados estarrecedores sobre a produção e o consumo de medicamentos.
A idéia de que o mundo empresarial possa ser, voluntariamente, um ator decisivo na construção de modelos produtivos ambientalmente sustentáveis encontra duas oposições básicas.